Mônica Sampaio

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

TURMA DA MÔNICA NA FM 105 NA MADRUGADA É PRIMEIRO LUGAR EM AUDIÊNCIA EM DOIS MESES NO AR !

Início do ano de 1987. Eu trabalhava em duas emissoras: das 10 às 14h, na locução da Estácio FM, no Rio Comprido. Saía dali, e pegava na Assistência de Direção e Produção, logo ali na esquina da Rua do Bispo, na Rádio Capital AM. Não me lembro quem - me desculpe, é a idade ... rss - me ligou, me falando que a FM 105 estava querendo uma locutora para a madrugada. Fui lá. Fiz o "teste" e passei. Tive que dar tchau para a minha querida e amada Estácio. Saí da Capital também.
Luís Augusto de Biase havia assumido a coordenação da 105 há alguns meses e estava remodelando a emissora. A princípio, não havia nada demais na madrugada, para se fazer, a não ser anunciar as músicas e ler algumas notas velhas.
De tão insípida era a madrugada do FM, que o Biase não se importou em "me dar liberdade" para fazer o que eu quisesse. Então, usei a tática que havia inaugurado na Estácio, de mandar abraços para as categorias profissionais, os bairros, restaurantes. Comecei a mandar recadinho de ouvintes.
Um belo dia, recebo o telefonema de uma pessoa que iria mudar a história da FM 105 na madrugada. E a minha história no Rádio.
Queiram reconhecer ou não, eu vou dar honra a quem tem honra. Nós não fazemos nada sozinhos. E sem essa pessoa, eu não teria o sucesso que tive.
- Alô, FM 105, bom dia. - Oi, Mônica ! Não sei se você se lembra de mim. Sou eu, o Dudu Castro, baixista do Cheque Especial - banda de pop rock -, lembra? Você entrevistou a gente no seu programa na Rádio Tropical FM, em 1985. - Ah, lembro sim, e aí, tudo bem?
Esse foi o inicio de uma conversa que durou muitos meses. Todos os dias, o Dudu dava aquele "telefonema amigo". Era uma sugestão aqui; outra ali. E foi indo, até que assumimos que ele havia se tornado o meu produtor. Oficiosamente. O Biase - que não era bobo - foi deixando, e eu e o Dudu fomos criando os quadros do programa.
Dudu, muito culto, muito inteligente - filho do também muitíssimo antenado, o saudoso jurado do programa Flavio Cavalcanti, CARLOS RENATO -, com um senso de humor refinado, tinhas umas tiradas sensacionais. Bolava os nomes dos quadros e, até mesmo o nome do programa, de maneira genial. Tudo em cima de um recurso da publicidade chamado "blague". o TURMA DA MÔNICA, por exemplo, era uma blague do Maurício de Souza, porque eu me chamo Mônica. Anos mais tarde - e 2005 -, o Clever Pereira, numa linda homenagem, que eu agradeço muito, intitulou um programa na Rádio Nativa, aqui no Rio de Janeiro, e convidou a querida xará Monika Venerabile para brilhantemente estrelá-lo.
Voltando há 25 anos no tempo, o TURMA DA MÔNICA NA FM 105 NA MADRUGADA marcou vidas. As nossas, as dos ouvintes, as dos artistas. Nós tínhamos um quadro que se chamava PING PONG COM O ARTISTA. E lá passaram de Rosana - como uma deusa ! - à Emilinha Borba. Lembro-me que o empresário - ou era o cara da gravadora -do cantor Gilliard, estava doido atrás de mim para colocá-o no PING PONG, pois estava o maior buxixo no meio artístico, no Rio, sobre este programa que estava bombando de madrugada ! Todo mundo queria participar. Uma vez, o Lulu Santos estava numa churrascaria, ouvindo o programa, e ficou tentando falar comigo no ar, mas cadê que o telefone desocupava ! Coitado do Gigi - querido Giovani, amigo que ficava no estúdio, fazendo hora até o programa terminar, pois ele trabalha no Jornal do Brasil e chegava cedo, por causa da condução -, que virou meu assistente de produção e, entre outras coisas, era quem atendia os telefonemas. E o fazia com maestria, educação, carinho, e por que não dizer, com muito charme. Meu querido Gigi, se você ler este artigo, quero que você saiba que eu te amo muito, e sou muito grata a você por toda ajuda. Também, não posso deixar passar em branco o querido Sergio - da Central de Águas Geladas - era como ele chamava a Central de Ar refrigerado do prédio do Jornal do Brasil, aonde funcionava a FM 105. Sergio era duas mãos na roda. Sempre passava pelo estúdio - que ficava no 6o andar, junto com os outros estúdios: da JB FM, JB Am, e da Rádio Cidade FM - para ver se eu estava precisando de alguma coisa. Tinha o Luís, do Combate ao Incêndio, que também batia o ponto todas as madrugadas no estúdio. Também era visitada pelo pessoal do CPD e, porque não, também os queridos da redação do JB passavam por lá.
Aos sábados, eu fazia uma sessão extra do programa à tarde, às 16h, quando era permitida a visitação ao estúdio. Então, eu contava com mais uma preciosa ajuda na produção: Sandrólia entrava em ação. Minha amiga e companheira, foi comigo para a extinta TV Rio - atual Record - fazer a produção do quadro que eu apresentei no Programa Rio Urgente - direção do José Messias. O quadro era "Fonte dos Desejos Especiais" - para quem queria encontrar o seu par. O Jimmy Raw fazia o genérico "Fonte dos Desejos". Um beijo, Jimmy ! Sandra Mattos, era uma apaixonada por Rádio e, um dia, tomou coragem e me falou que queria trabalhar em Rádio. Fui com a cara dela e a chamei para ajudar a gente. Tudo no 0800. A única que era contratada era eu. A produção não tinha verba nenhuma. Foi muito prático para a coordenação e para a própria emissora.
A FM 105 ainda não era evangélica e vinha de um inexpressivo fim de fila na audiência quando o Biase assumiu e, com suas brilhantes sacadas foi fazendo um remake da Mundial - do tempo que não era evangélica também -, e conseguiu abocanhar um quinto lugar.
Com atrações como: SÓ UM TOQUE - você liga e dá um toque em alguém!; PERGUNTINHA SAFADINHA; TROCA-TROCA 105 - você liga e dá o seu recado; PING PONG COM ARTISTA;// Slogans em blague, como: VEM PRA TURMA DA MÔNICA VOCÊ TAMBÉM, VEM PRA TURMA DA MÔNICA, VEMV, da Caixa; ou SÓ A TURMA DA MÔNICA DÁ AO SEU RÁDIO O MÁXIMO - Esso; ANTES DO SOL, QUEM ILUMINA O SEU RÁDIO É A TURMA DA MÔNICA// e personagens fantásticos, interpretados pelo DUDU CASTRO, como o fanho AUÍNIO LISBOA; a traveca LORRAN; e o querido louco RICARDALHAÇO - que o público pensava que eram ouvintes -, o programa TURMA DA MÔNICA NA FM 105 NA MADRUGADA alcançou, em dois meses de existência, o PRIMEIRO LUGAR EM AUDIÊNCIA! Na época, a 98 FM teimava em não sair do primeiro lugar em TODOS OS HORÁRIOS. Portanto, ISSO É HISTÓRICO, anote aí: FOI O PRIMIERO HORÁRIO PRA QUEM A 98 FM PERDEU: O MEU! A madrugada que ninguém dava nada. O mérito não era só meu e do Dudu; a programação musical também arrebentava.
Sabe o que acontece quando dão um limão para um sujeito medíocre? Ele reclama e murmura: Limão é azêdo; o que é que eu vou fazer com um limão? E larga pra lá. Mas sabe o que acontece quando alguém cheio de gás pra trabalhar ganha um limão? Acertou, corta em fatias e começa a distribuir. E enquanto faz isso, vai fazendo a cabeça deles: pode pegar, vai ficar docinho, você vai ver; acredite, eu vou fazer deste limão uma deliciosa limonada e todos nós vamos beber.
Aí, queridos, fui pro abraço. A Revista de Domingo do JB - da foto que está no alto da página - já veio me entrevistar. Em seguida, a Lúcia Leme - que era a âncora do programa Sem Censura, da TVE - me chamou pra uma entrevista, e os convites foram pintando.
E eu super feliz! O sucesso tão esperado enfim havia chegado.
Só que junto com sucesso veio um problema. A FM 105 - cujo nome é TRANSRIO - era arrendada pelo sr. Wiltamir de Abreu ao Jornal do Brasil. E deu um rolo lá, e eu, chegando pra trabalhar, o meu querido Sérgio já vem correndo em minha direção,no estacionamento do jornal, mal eu tranquei a porta do meu carro, pra me avisar que o estúdio da Rádio não estava mais funcionando no prédio. PEGADINHO DO MALANDRO, pensei. E não era. Na briga dos gigantes, neste caso, os Davis se deram mal. Por uma questão financeira, houve um desacordo, uma ameaça e um cumprimento da ameaça: Wiltamir TIROU A RÁDIO DE LÁ. Simplesmente assim.
E nós, funcionários da TRANSRIO, fomos encurralados pelo funcionário do JORNAL DO BRASIL, Luis Augusto de Biase que nos convocava a não irmos para o novo estúdio, para o qual, obviamente, ele não fora chamado. De um lado o "dono" da Rádio, apelando para o nosso senso profissional, para o cumprimento do dever, nos dando prazo para irmos trabalhar, e de outro, o Biase, veladamente, ameaçando de demissão aqueles que fossem.
O Wagner Barroso, o PC, e o Edmo Luís - que tinha saído, mas foi chamado pelo Paulo Roberto, novo coordenador no estúdio extra-JB - já estavam lá. Eu conversei com o Fernando Mansur, pedindo a sua opinião, pois ele era veterano, e como ele era da mesma opinião minha, seguimos para o novo estúdio; afinal, o nosso patrão era o Wiltamir. Como profissionais não podíamos nos dar ao luxo de escolher o estúdio em que íamos trabalhar.
Resultado: três dias depois, fizeram as pazes e o estúdio voltou a funcionar no JB; o Biase voltou a ser o nosso coordenador; o Paulo Roberto, locutor da Cidade, que tinha saído para coordenar lá, a convite do Wiltamir, "dançou", assim como também foram demitidos o PC e o Wagner Barros, e o Edmo nem chegou a ser recontratado.
Aqueles que foram para lá, como eu e o Mansur, começamos a ser boicotados. Os brindes de promoção não davam mais as caras nos nossos horários. Até que essa guerrinha de nervos chegou ao ponto de uma sabotagem que sofri. Quando a pessoa é má e se torna especialista em fazer o mal, sai da frente. E eu acabei saindo, pois a minha praia era apenas fazer o meu trabalho da melhor maneira possível.
Acredito que tem algo no ar, que ainda não foi pensado, que ainda não chegou ao entendimento e que está esperando para ser utilizado: UM AVIVAMENTO NA COMUNICAÇÃO NO RÁDIO E NA TV. Já está saturada a gritaria "transamericana" de meados da década de 80, no FM, e, na TV, essa onda de MODELOS/APRESENTADORAS também precisa ser substituída. Eu te pergunto: O QUE ESTÃO FAZENDO OS ALUNOS QUE SAEM DAS UNIVERSIDADES DE RÁDIO E TV? Não inovam NADA! Saem praticamente da mesma forma que entraram. E arrota-se por aí, a necessidade de um tal de "canudo". Os grandes profissionais do Rádio e da TV NUNCA PASSARAM POR UMA FACULDADE! E fizeram coisas geniais. Mas os encanudados NÃO DÃO ESPAÇO. Está na hora de mudar isso. A TV Aberta aberta está uma porcaria, no geral - salvando-se algumas exceções, as quais não irei citar. As emissoras de Rádio, por sua vez, não apresentam nada de novo.
VAMOS FAZER UM MOVIMENTO AVIVALISTA DO RÁDIO E DA TV!
Em 2005, coordenei e ajudei a organizar um encontro de profissionais de Rádio: o ENCONTRÃO RÁDIO E LOCUTORES - nascido em uma lista de discussão homônima que criei no Yahoo. Foram dois dias de congresso, ou seminário ou conferência - como quiser chamar - mas, fogueira de vaidades à parte, não houve paixão para prosseguir.
Dois nomes da minha geração, que eu vi, com meus próprios olhos, fazerem mais, muito mais do que o feijãozinho com arroz de tentar segurar seus empreguinhos, e por isso mesmo, ofereceram a nós, ouvintes e profissionais do Rádio, uma bela de uma limonada, e que merecem destaque no hall da fama são; CARLOS TOWNSEND - pela sua grande sacada da Rádio Cidade FM, em 1976 - e LUIZ ANTONIO MELLO - com sua genialidade na criação da FLUMINENSE FM. Destaque também merece o Armando Campos, com o grande filão que abriu para os sambistas com a repaginação da Rádio Tropical FM, no fim dos anos 80, sendo a primeira emissora FM, em 1986, a fazer a cobertura de Carnaval, nas ruas, acompanhando os blocos, e na Marquês de Sapucaí. Eu tive o privilégio de trabalhar com ele em vários momentos, desde a primeira cobertura do carnaval, e tenho a grata satisfação de tê-lo tido como meu "professor". Afinal, comecei na Tropical. Trabalhei com o LAM, duas vezes, na Flu - 84 e 90. Só não tive a oportunidade, lamentavelmente, de trabalhar com o Carlinhos, na Cidade, mas tive o privilégio de desfrutar de sua amizade, o que me honra muito.
Essas e outras histórias eu tenho para contar, nestes meus 30 anos de profissão, como Radialista. Mas, muito mais que contar, eu tenho mais a fazer - me aguarde.
Mônica Sampaio - a única no seu estilo.
DUDU CASTRO
SANDRA MATTOS - a "Sandrólia"
MONICA SAMPAIO - RÁDIO TROPICAL - 1985
MÔNICA SAMPAIO - 1984- na FLUMINENSE FM
O APRESENTADOR DE TV FLÁVIO CAVALCANTI
CARLOS RENATO, ESCRITOR, POETA, JURADO E PAI DO DUDU CASTRO - ele está entre a mulher de vermelho e o homem de blazer azul marinho, atrás.
CARLOS TOWNSEND
LUIZ ANTONIO MELLO