Mônica Sampaio

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

EXIGIR REGISTRO NA DRT É MESMO NECESSÁRIO?




A sociedade divide os segmentos profissionais em área técnica, saúde e humana.
Nesta última, se encaixa o RADIALISTA.
Não sei se vocês sabem mas, o meu livro CURSO DE LOCUÇÃO DIRIGIDA PARA TODAS AS PROFISSÕES, faz parte da bibliografia indicada pela ECO - Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, a UFRJ - no curso de RÁDIO E TV. E quem o indicou foi o Professor e Locutor FERNANDO MANSUR. Ele é autor de alguns livros que tratam da Comunicação no Rádio - e, especialmente, os que falam da sua experiência como um dos locutores pioneiros da Rádio CIDADE. Atualmente, trabalha na MPB FM/RJ e é a voz de cabine da Rede GLOBO.

Trata-se de um livro com teor técnico, sobre a fisiologia da Fala, a Comunicação e o uso da Linguagem; Técnicas de Oratória - Leitura e Interpretação de Textos; Precisão vocabular; Poder de Concisão e, um dos melhores temas, a mais moderna tecnologia de Comunicação: A Programação Neurolinguística - a PNL.

Estou fazendo este preâmbulo a esta discussão, para deixar bem claro que não sou a favor do amadorismo nos ambientes profissionais, assim como sou a favor de que o profissional esteja sempre se aprimorando, para não se tornar retrógado.
MAS NÃO VEJO A MENOR NECESSIDADE da exigência do registro de profissão regulamentada na Delegacia Regional do Trabalho (DRT) para o trabalho de LOCUÇÂO E OPERAÇÃO DE ÁUDIO.
Possuo o meu desde 1984 (entrei no Rádio um ano antes, em 1983). Como Locutora, Animadora, Apresentadora, Noticiarista e operadora de áudio.

A PROFISSÃO

Na minha opinião, a função de LOCUTOR é comprovada específica e literalmente na prática.
Não tem como passar um diploma pelo áudio. Ou sabe fazer locução ou não sabe.
Da mesma forma que o registro na DRT não garante vaga para ninguém, também não garante a sua permanência em emissora alguma.
Portanto, REGISTRO PROFISSIONAL NÃO É GARANTIA DE NADA! E pior: é mais um pretexto para a existência de FRAUDES.

No Rio de Janeiro, há a ocorrência de um número ainda não calculado oficialmente de DIPLOMAS E CERTIFICADOS EMITIDOS FALSAMENTE, na intenção - e êxito - de conseguir um número de registro de profissão regulamentada na Delegacia Regional do Trabalho.

Bom, há 20 anos, mais ou menos, a maioria dos locutores, ficava constrangido com a possibilidade de nos acharmos sábios o suficiente para lecionar Locução. Ficávamos com receio de sermos taxados de presunçosos, entende?
Mas, a procura foi aumentando e, consideramos, por fim, que não teria problema passarmos a nossa experiência para frente.
Acontece que MUITO BICÃO - é isso mesmo, BICÃO - aproveitando-se da grande procura, por parte daqueles que sonhavam ser locutores -, começou a dar aulas de locução. Como medir conhecimento nesta área? Somente pelo TALENTO; pois, neste caso, VOCAÇÃO não é sinônimo de TALENTO. Neste caso, querer nem sempre é poder.
Talento junto com treino é que forma o LOCUTOR.

Recentemente, uma pessoa me procurou no Orkut, para saber aonde poderia DAR AULA de Locução, pois havia terminado o Curso do SENAC-Rio para formação de Locutor. Eu disse a ela que, primeiro, deveria obter EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL para depois pensar em lecionar. Mas são estes alguns dos equívocos causados pela exigência do registro de profissão regulamentada na Delegacia Regional do Trabalho (DRT). Ganhou o diploma ... Por isso que acredito que o registro é dispensável, pois ele não mede o talento - nem a experiência profissional - do Locutor. O que a boa e velha gravação do teste - gentilmente apelidado de REGISTRO DE VOZ - faz. Além, é claro, da "demo" ou audiobook.

Então vem a questão: como é que uma pessoa pode treinar, se não lhe derem oportunidade POR FALTA DE REGISTRO PROFISSIONAL?
É o mesmo caso, analogamente, de uma rede de emissoras de Rádio e Jornal, aqui, no Rio de Janeiro, que não contrata pessoas com nome no SERASA e SPC. Mas vejamos: se a pessoa não conseguir emprego, como pagará a dívida para limpar o seu nome?

Eu creio que essa questão de exigência de registro na DRT é apenas uma tentativa inócua de se tentar proteger vaga no mercado de trabalho. o que é uma tolice, pois isso se consegue de duas formas claras e impreteríveis: TALENTO E CONHECIMENTO SÓCIO-PROFISSIONAL.

CONHECER PESSOAS NÃO GARANTE VAGA...

...mas facilita e muito o encontro de uma.
O SENAC-Rio, uns meses depois que conseguiu aprovação do MEC no curso de LOCUÇÃO, ficou com um grande problema. Já tinha, portanto, a grade curricular aprovada, mas ... quem daria aula? A gerência - como os demais funcionários - nada entendiam do assunto, e o profissional que elabou o programa tinha saído da empresa. Aí, entrou uma questão delicada: como analisar a capacidade de alguém para lecionar, se não tinham conhecimento disso?
Na época, eu trabalhava com eles, num formato "in Company", ministrando treinamentos na área de Técnica de Apresentação em público para Palestrantes. E me perguntaram se eu gostaria de lecionar Locução. Não era o formato e nem o curso que eu queria ministrar. Outra pessoa assumiu. Essa pessoa não tinha experiência em lecionar, mas mesmo assim, o SENAC a aceitou.

Em outra oportunidade, a gerência me pediu para avaliar o conteúdo programático do curso. Eu o fiz e considerei insuficiente, com cadeiras desnecessárias e com ausência de disciplinas importantes. Mas a gerente disse que não poderia modificá-lo, pois o MEC havia aprovado assim. Então me fala: o indivíduo que faz este curso está apto a assumir um microfone?
Conheci um ex-aluno do SENAC, certa vez, numa Rádio que coordenei, e quando lhe perguntei se tinha experiência profissional, me disse que era profissional "PORQUE TINHA DRT", obtido no curso do SENAC-Rio. Novamente lhe perguntei se tinha experiência. Ele disse que ainda não havia trabalhado em lugar nenhum. ENTÃO, LHE PERGUNTO: COMO É QUE UMA PESSOA PODE SER PROFISSIONAL SE NUNCA EXERCEU PROFISSIONALMENTE A FUNÇÃO? Pra que serve o REGISTRO PROFISSIONAL? Para eu dizer: eu sou profissional e você não? Mas em que isso me faz ser melhor do que você que não tem o registro? Em nada! Absolutamente nada. Se você tem talento, somos iguais e ponto.

O MELHOR MÉTODO DE APRENDIZADO

A melhor maneira de se aprender a fazer locução é a PRÁTICA PROFISSIONAL mesmo.
A pessoa pode - e deve - fazer um acompanhamento com um fonoaudiólogo; treinar a leitura e interpretação de texto, gravando o seu áudio e analisando cada gravação. Gravar seus locutores preferidos, transcrever o texto e gravá-lo com a sua voz. E fazer isso com compromisso e continuidade. Se tem TALENTO e esforço vai conseguir.
Conheci uma pessoa assim.
Estava trabalhando na FM 105/RJ (ainda não era emissora evangélica) - pela 2a. vez - e um rapaz, todos os dias, ia treinar na mesa de áudio com o Sergio Luis, que me antecedia. Certo dia, o Djalma Mello - o coordenador - me pediu que colocasse esse rapaz no ar, junto comigo, no meu horário. Nesta época, a rádio ficava no antigo prédio do Jornal do Brasil, em S. Cristóvão, e no 7o. andar, ficavam os estúdios de todas as emissoras do grupo (a Rádio Cidade, a JB FM, a JB Am e a FM 105). Então, eu o coloquei no ar, e como ele estava se saindo bem, fingi que ia ao banheiro, e fui para o corredor - de onde dava para ouvi-lo - monitorá-lo, sem que ele soubesse. E lá, encontrei outros colegas meus - Maurício Figueiredo, do Am, Luciano Durso, do FM, e o locutor da Cidade, que não me lembro quem era agora. E ficamos todos nós, ouvindo o jovem locutor, boquiabertos, pois, em sendo sua primeira vez no ar, ele estava MUITO BEM. Mas muito bem mesmo.
De volta ao estúdio, lhe perguntei em quais outras emissoras ele havia trabalhado. E para a minha surpresa - ele pediu sigilo, pois havia omitido isso ao coordenador - ERA A PRIMEIRA VEZ QUE ENTRAVA NO AR! E numa emissora muito bem colocada no ipobe! Eu lhe perguntei como era então que ele havia aprendido a fazer locução tão bem! Ele me respondeu que ficava treinando em casa. Ouvindo os locutores, gravando, transcrevendo os textos, e gravando com a sua voz. Tanto os locutores de Rádio quanto os de TV. E foi assim, que o meu amigo JORGE SANTOS - hoje, trabalhando na FM 105 evangélica - aprendeu a fazer locução e "tirou" o seu REGISTRO PROFISSIONAL.
Aí eu te pergunto: ELE TIROU O LUGAR DE ALGUÉM?

REGISTRO PROFISSIONAL É APENAS UM ENTRAVE: NÃO PASSA DISSO

Isso é apenas burocracia. Se um artista plástico é contratado para fazer uma escultura num local público ou não, ou um mural, um quadro, uma arte, por exemplo, não lhe pedirão diploma de Belas Artes, mas, o seu portifólio.
As profissões técnicas necessitam, sim, de um curso que forneça conhecimento técnico, e o registro profissional serve para essa comprovação.
Mas profissões artísticas, que exigem, antes de tudo talento, e depois, vocação, eu te pergunto: o registro substituí algum - ou consegue representar - desses dos quesitos? A apresentação do registro garante a vaga ou abre caminho? Não.
Alguém, numa comunidade do Orkut, chegou a afirmar que estava desempregado porque, provavelmente, "alguém sem registro na DRT" deveria ter tomado a sua vaga.

Então, eu torno a perguntar: quando a TV Globo (que foi a precursora a fazer isso) substituiu os apresentadores dos Telejornais pelos Jornalistas-Âncora, aonde estavam os defensores do registro de profissão regulamentada? Vou mais longe: onde esse registro - que já tínhamos, na época - protegeu os locutores -apresentadores dessa expulsão dos telejornais? Pois era uma profissão regulamentada!
Eu sou LOCUTORA/APRESENTADORA/ANUNCIADORA/NOTICIARISTA e Operadora de Áudio. Veja, noticiarista também! Vai ver se me dão vaga em algum telejornal para APRESENTAR ou - vamos tentar de novo - para NOTICIAR?
Vamos tentar? O que me dizem disso?

E a quantidade de outros profissionais que usam os microfones das Rádios e NÃO SÃO LOCUTORES PROFISSIONAIS? Como jornalistas, economistas, médicos, pastores, artistas plasticos etc. etc. Em que essa exigência do registro na DRT os impede de exercer a "NOSSA" profissão?

Estou dizendo que exigir registro de profissão regulamentada é ENXUGAR GELO.
Nós temos é que nos aprimorar cada vez mais, pois, só assim, conseguiremos nos manter no mercado.

MUDANDO DE ASSUNTO, MAS PERMANECENDO NA ÁREA

Quem faz parte dos quadros do seu SINDICATO?

A escolha do conteúdo programático para um Curso para formação de Locutores tem que ser feita por um profissional da área. O RH tem que saber aonde procurar esse profissional. No SENAC, é a gerência do Centro de Cultura e Comunicação - CUC - quem desempenha esse papel.
Nos cursos de Radialismo não tenho informações para poder avaliar o critério de contratação dos doentes.
É neste momento, que entra o papel do SINDICATO DOS RADIALISTAS como disponibilizador de informação profissional. É lá que o profissional tem que achar informações confiáveis sobre sua profissão e o mercado de trabalho. É lá que têm que estar profissionais capacitados para oferecer essas informações.
É isso que tem acontecido?
Uma vez, o SINRAD me procurou para estabelecer curso profissionalizante lá. Como não entraram mais em contato, não sei em que pé ficou. Como não ouvi nada a respeito...

Você já parou para reparar quem faz parte dos quadros do seu SINDICATO? Você os conhece? Já os viu em ação? Já, pelo menos, ouviu falar deles? Afinal de contas, eles TE REPRESENTAM! O teu SINDICATO ATUAL te dá vontade de contribuir mensalmente, com dinheiro e idéias? O TEU SINDICATO SUPRE AS TUAS NECESSIDADES PROFISSIONAIS?
Vem aí AS ELEIÇÕES no SINRAD - RJ!
Entre no site do SINDICATO DOS RADIALISTAS e procure conhecer melhor quem está lá e quem quer entrar. Quais são as propostas - Opine! Participe!
Tem muita gente que fala mal dos seus sindicatos, mas não faz a mínima questão de chegar junto; de contribuir; de participar.
A HORA É ESSA!
PARTICIPE AGORA, NA HORA VOTAR!
TORNE O SEU SINDICATO MAIS FORTE! VOTE CERTO! PARTICIPE!
SINRAD - Rio de Janeiro:
http://www.radialistasrj.org.br/
RADIALISTA CONSCIENTE É AQUELE QUE PARTICIPA DAS MUDANÇAS!

Um abraço,

MÔNICA SAMPAIO
Radialista e Escritora


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